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Bem-estar Docente

O bem-estar não é um estado absoluto. Temos bem-estar quando nos sentimos bem durante a maior parte do nosso tempo. Não quer isto dizer que tenhamos que estar muito felizes ou num estado de euforia o tempo todo, até porque os outros sentimentos também têm o seu papel e são importantes! Muitas vezes, quer apenas dizer que nos sentimos calmos e preparados para enfrentar os desafios do nosso quotidiano.

O conceito de bem-estar é de tal forma importante que existem modelos científicos que o tentam explicar. Para os mais interessados, poderão pesquisar por modelo PERMA, de Seligman, um modelo que pretende explicar a felicidade e dar pistas para que se viva com maiores níveis de bem-estar.

O que a literatura tem demonstrado é que, por vezes, existem atividades simples, que qualquer indivíduo pode fazer, e que têm fortes hipóteses de serem potenciadoras do bem-estar.

As atividades ajudam, mas é necessário entendermos o que está por detrás do bem-estar e da felicidade para que a consigamos potenciar e modificar a nossa forma de estar e de viver o nosso quotidiano, profissional e pessoal.

Um inquérito sobre bem-estar, realizado a 809 professores, indica que:

  • A principal razão pela escolha da profissão foi o gosto pelo ensino (65%);
  • Apenas 34,9% se sente sempre realizado com a sua profissão;
  • A maioria refere que aquilo que mais gosta na escola são os alunos (56,1%), seguido dos colegas (23,9%);
  • Três principais aspetos geradores de mal-estar:
    • Avaliar os alunos (57,4%)
    • Relação com os encarregados de educação (52,8%)
    • Realizar a diferenciação pedagógica (45%)
  • A maioria não recomendaria a profissão docente a outras pessoas.

A profissão docente é desgastante e complexa e, pela análise dos dados mencionados, concluímos que é urgente atuar para apoiar, motivar e criar estratégias de bem-estar nas escolas. É fundamental dotar os profissionais de educação com ferramentas e mecanismos que lhes permitam potenciar o seu grau de satisfação com a profissão e enfrentar as dificuldades inerentes a uma função tão desgastante e complexa. Muito poderá ser feito no campo das políticas públicas. Porém, foquemo-nos, para já, nas pequenas ações que cada profissional pode adotar no seu dia-a-dia.  

A escola é uma organização muitíssimo complexa, com diversos tempos e espaços que se entrelaçam e influenciam.  Pode, inclusive, ser um local assustador para quem nela entra pela primeira vez, completamente alheio ao seu funcionamento.

Por isso, é importante que a escola construa e tenha estratégias bem definidas que possam mitigar e potenciar o desenvolvimento do bem-estar dos docentes. A escola é feita por todos aqueles que nela trabalham; se assim não fosse, seria apenas um mero edifício de betão, vazio de gentes e de alma. Assim, partilhamos algumas dicas simples que qualquer profissional, com o apoio da direção da sua escola, pode implementar.

A criação de uma equipa de acolhimento nas escolas é um excelente começo. Responsável pelo acolhimento de cada docente novo, esta equipa recebê-los-á no primeiro dia, apresentando-lhes a escola, explicando-lhes os vários projetos existentes e dando-lhes a conhecer as especificidades que fazem daquele local um espaço único e especial.

Existem, ainda, um conjunto de atividades lúdicas e momentos de descontração para os docentes:

  • Criação de pequenos almoços/almoços/jantares temáticos;
  • Dinamização da sala de professores (ex. livros úteis em cima das mesas; placard para divulgação de eventos sobre educação; frases para refletir; decoração e organização da sala; post-its com pedidos de ajuda);
  • Organização de atividades de lazer fora da escola (ex. passeios, idas ao teatro…);
  • Celebração de datas comemorativas (ex. dar a cada professor uma folha no primeiro dia do outono, organizar o amigo secreto no Natal…);
  • Entrega de certificados no último dia de aulas (ex. certifica-se que o prof.___ foi o prof com mais paciência neste ano letivo; que o prof___ é o mais criativo da escola…);
  • Sessões de reflexão e partilha sobre práticas educativas e pedagógicas.

A preocupação com o bem-estar tem que fazer parte da vida da escola e deve ser uma prioridade das direções, sob pena de termos professores com menos capacidade e motivação o que, consequentemente, terá implicações graves na qualidade das aprendizagens dos alunos.

Professores realizados, que gostam da escola e valorizam a sua profissão, são professores promotores do sucesso de todos os seus alunos.